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  • Foto do escritorJulia Sprenger

DOCUMENTAÇÃO - Disco “Brasil”

O disco do ano de 1981 intitulado “Brasil”, conta com a participação dos artistas João Gilberto, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil. Lançado próximo ao fim do regime militar brasileiro, fez parte da década que consolidou a Música Popular Brasileira (MPB) como estilo musical expoente e destacou, entre outros, os quatro grande músicos que compõem a obra.

Contém 6 faixas, 3 do lado A e 3 do lado B, que são: “Aquarela do Brasil”, “Disse Alguém (All Of Me)”, “Bahia com H”, “No Tabuleiro da Baiana”, “Milagre” e “Cordeiro de Nanã”, todas com ritmos tipicamente brasileiros que ainda remetem a mundialmente afirmada Bossa Nova, porém com um novo quê de samba e festa. O disco faz alusões diretas à elementos da nossa cultura e traz duas faixas que remetem ao recorte baiano, tanto na grafia de algumas das palavras quanto na menção a determinados costumes. A faixa B1 - a única com participação da cantora Maria Bethânia - “No Tabuleiro da Baiana”, principalmente, destaca elementos tipicamente baianos e aponta um vocabulário bastante voltado para a sociedade local, trazendo, por exemplo, elementos da culinária e da religião.

A faixa A1, “Aquarela do Brasil”, não carece de apresentações, por ser, até hoje, uma das canções brasileiras mais conhecidas de todos os tempos. Foi composta por Ary Barroso, em 1939, e gravada diversas vezes pelos mais reconhecidos nomes da nossa música. A segunda faixa do lado A do disco, “Disse Alguém (All Of Me)”, é uma das únicas que não cita diretamente nenhum elemento que ilustra o Brasil daquela época. A canção fala sobre solidão e falta de esperança, e tem uma levada rítmica mais lenta do que as demais. Sua estrutura musical é bem marcada por batidas rigorosamente compassadas, e quase atinge um limiar que lembra muito as composições do jazz.

Seguindo a ordem, a faixa A3, “Bahia com H” é outra que refere-se ao estado da Bahia, porém não pontua elementos tão marcantes e característicos. Trata muito mais sobre o espaço urbano e o apresenta de maneira bastante poética, diferentemente da faixa B1, que quase pinta um bonito quadro contendo diferentes elementos que significam a Bahia pra quem a vê de fora. A faixa intitulada “Milagre” (B2) fala sobre personagens pescadores na época que refere-se a páscoa nas religiões cristãs. É uma letra curta que repete-se aproximadamente por 5 minutos, dando o sentimento de repetição de tarefas característico da “labuta” mencionada na música.

Por fim, a terceira e última faixa do lado B, “Cordeiro de Nanã” é musicalmente mais próxima da Bossa Nova, com apenas uma frase repetindo-se durante aproximadamente 1 minuto: “sou de Nanã, Nanã Nanã ê”. Característica do Candomblé, Nanã é o orixá das chuvas, e chegou ao Brasil junto com a escravidão.


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